A Prefeitura e Câmara de Nova Iguaçu são alvo, nesta terça-feira (24), de uma operação que investiga um suposto benefício à milícia de Austin com licitações.
Segundo as investigações, a organização criminosa direcionava obras públicas em Austin em troca de apoio político dos paramilitares. Entre os serviços supostamente fraudados está o calçamento de ruas. Nova Iguaçu é o segundo maior município da Baixada Fluminense.
A milícia de Austin, segundo as informações da Polícia Civil, atua nos bairros de Austin, Vila Verde e Vila de Cava até bem próximo de Cabuçu, onde hoje existe uma disputa pelo domínio do território.
Agentes da Delegacia de Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro saíram para cumprir 21 mandados de busca e apreensão. Não há mandados de prisão.
A Prefeitura de Nova Iguaçu informou que colocou à disposição dos investigadores “todas as informações e arquivos que forem necessários pra realizar um trabalho profundo e transparente”.
“A prefeitura ainda não tomou conhecimento das acusações, mas repudia qualquer prática fora da lei e da boa governança”, disse, em nota.
Secretária e vereador na mira
Entre os alvos, estão o ex-secretário de Obras de Nova Iguaçu e atual vereador do município Jeferson Ramos (MDB) e a secretária de Infraestrutura, Cleide de Oliveira Moreira.
Jeferson já foi preso em 2019, apontado como chefe da milícia de Austin e suposto mandante de pelo menos 20 assassinatos.
Outros mandados foram para os irmãos Fábio Henrique Sousa Barbosa e Luiz Henrique Sousa Barboza. Fábio é o dono da Fabimix, responsável pelas obras. Luiz é funcionário da Companhia de Desenvolvimento de Nova Iguaçu.
A polícia afirma que a Fabimix ganhou R$ 70 milhões em processos licitatórios com o município. No entanto, segundo os investigadores, mais de R$ 60 milhões são oriundos de processos sem transparência.
Agentes foram ainda à sede da prefeitura, ao gabinete de Ramos na Câmara, a um condomínio de luxo na Barra e a uma casa em Cabo Frio, na Região dos Lagos.
Polícia investiga ligação com milícia
No sítio do vereador Jeferson Ramos, foram apreendidos R$ 10 mil em espécie.
A polícia investiga indícios de ligação do vereador com a milícia.
Segundo o delegado Thalles Nogueira, serão compartilhadas informações entre diferentes delegacias sobre as evidências.
“Existem fortes indícios de ligação dele com a milícia. A gente está caindo em cima dos contratos públicos e dessa parte financeira. Ele escolhia as vias a serem recapeadas em troca do apoio dessas comunidades”, explicou o delegado.
Foram apreendidos diversos documentos referentes aos contratos da prefeitura com a empresa de Fábio Henrique Sousa Barbosa e Luiz Henrique Sousa Barboza.
Segundo o delegado, as contas de ambos poderão ser bloqueadas no decorrer da investigação.
“As contas desses empresários podem ser bloqueadas mais para a frente. É uma possibilidade. Essa é uma operação inicial, não final. Vamos destrinchar o papel de cada um nessa organização criminosa”, finalizou.
Os mandados foram expedidos pela 1ª Vara Criminal Especializada em Organizações Criminosas. Os envolvidos são investigados por organização criminosa, crimes contra licitação e peculato.
Em relação à operação policial que aconteceu na manhã desta terça-feira nas dependências do gabinete do vereador Jeferson Ramos, a Câmara Municipal informou, através de nota, que não foi intimada e nem tem informação sobre o objeto das acusações.
O que diz a prefeitura de Nova Iguaçu
Em nota, a Prefeitura de Nova Iguaçu informou que entregou todos os dados solicitados pelos investigadores.
Segundo a prefeitura, a investigação tem inconsistências: "todos os documentos relativos à licitação sempre estiveram no Portal da Transparência da Prefeitura de Nova Iguaçu e há documentos que comprovam isso".
Além disso, a prefeitura afirma que não existe suspensão da licitação pelo Tribunal de Contas do Estado e que tem documentos que mostram que a representação foi arquivada.
O órgão informou ainda que vai auditar todos os contratos mencionados e que a procuradoria do município ainda não teve acesso às acusações do inquérito. Afirma ainda que repudia qualquer prática fora da lei e da boa governança.
Até a última atualização desta reportagem, nenhum dos investigados havia se pronunciado.
Fonte: G1.com
Redação: Radio e Jornal A Voz do Povo.
Direção: Jornalista Marcio Carvalho.
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