Menino perde a visão do olho esquerdo após quase 4 anos de espera por cirurgia

 A mãe de Andrey Leonardo Barbosa da Silva, de 12 anos, que aguardava há quase 4 anos por uma cirurgia de catarata no Hospital do Olho de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, informou que o menino recebeu um diagnóstico que nunca mais irá voltar a enxergar com o olho esquerdo.

Segundo Ellen Barbosa, o diagnóstico foi dado pelo terceiro médico da unidade que atendeu o menino, após novo exame médico realizado neste sábado (15).

Andrey lesionou o olho em 2019 quando brincava de martelar uma pedra. A família explica que, no acidente, ele desenvolveu catarata.

"O hospital foi falho e meu filho infelizmente vai ter que conviver com uma vista só. A brincadeira de criança poderia ter sido corrigida, mas o hospital simplesmente não deu importância. O médico que atendeu ele, que poderia ter feito a cirurgia, também não deu importância", desabafa a mãe Ellen Barbosa.

A família contou que médico disse que o menino perdeu completamente a visão do olho esquerdo, e uma cirurgia, neste momento, arriscaria ainda mais sua saúde ocular.

De acordo com Ellen Barbosa, o médico disse que não seria ideal realizar a cirurgia de catarata em vista da demora na solução do caso. Entre os riscos, a operação poderia causar o rasgamento da retina e perda do globo ocular.

"Se fosse tentar fazer a cirurgia, poderia correr o risco de rasgar a retina e causar uma coisa pior, que seria fazer a remoção do olho. Falou que ele perdeu completamente a visão e que uma cirurgia não seria mais viável. Ele deixou bem claro para mim: foi o tempo que agravou o quadro de ele não conseguir mais enxergar", detalhou Ellen.

Cirurgia desmarcada

Segundo a famíia, uma cirurgia para Andrey chegou a ser marcada recentemente, mas acabou não sendo realizada.

A mãe de Andrey contou que o Hospital do Olho de Duque de Caxias entrou em contato no dia 30 de junho para informar que a cirurgia, marcada para acontecer no dia seguinte (1º de julho), estava desmarcada. No momento em que foi informada, Ellen já estava a caminho da unidade.

"A caminho do hospital ainda me ligaram pra desmarcar porque o pediatra não teria como comparecer, porque teve um imprevisto", disse.

No último dia 15 de julho, nova data remarcada para exames, Andrey foi atendido por Flávio. Durante o exame, o menino somente respondia que já não enxergava nada.

"Ele tampou o olho bom do Andrey, fez exame de luz para ver se ele conseguia enxergar quando a luz estava acesa ou apagada, ficou mostrando os dedos para ver se o Andrey conseguia enxergar quantos dedos tinha na mão... conforme ele ia fazendo a pergunta, o Andrey ia sempre dizendo que não estava vendo nada, que não tinha diferença", contou Ellen.

A mãe lamenta que após tanto tempo de espera, o resultado tenha sido a perda da visão do menino em um dos olhos. Para ela, a situação poderia ter sido revertida se a cirurgia tivesse sido aprovada mais rapidamente.

"Eu sigo aqui, não conseguindo acreditar ainda que levou esse tempo todo para marcar uma cirurgia. A saúde no nosso país é horrível. Saber que se esse doutor Daniel tivesse aprovado a cirurgia do meu filho antes, se o hospital tivesse marcado essa cirurgia antes, ele poderia fazer a cirurgia e voltar a enxergar...", disse.

Entenda o caso

Andrey Leonardo Barbosa da Silva brincava de martelar uma pedra quando um fragmento acabou acertando seu olho esquerdo.

"Machucou e sangrou muito. Faltava pouco para voltar às aulas, aí [eu pensei] como é que eu vou aprender mais rápido? Como vai ser meu aprendizado? Aprender a ler, aprender a escrever... Como é que vai ser a dificuldade?", lembrou Andrey.

O menino foi encaminhado ao Hospital do Olho de Duque de Caxias no dia 13 de dezembro de 2019, uma semana após o acidente. Lá, recebeu o mesmo diagnóstico de dois médicos diferentes que confirmaram a necessidade da cirurgia.

Ellen contou que desde 2019 tenta com que o filho conseguisse a cirurgia. Ela afirma que o caso sempre foi de urgência e que se agravava: quanto mais o tempo passava, mais Andrey perdia a visão do olho ferido, apresentando sintomas como forte sensibilidade ao sol, visão 'avermelhada' quando exposta à luz, entre outros.

"Eu não posso jogar bola, eu fico na arquibancada vendo eles jogarem. Não posso jogar nem de goleiro. A única brincadeira que eu posso mesmo é jogar carta, não posso brincar quase de nada, quase tudo é de correr", disse Andrey.

Até a publicação da reportagem, o Hospital do Olho de Duque de Caxias não prestou esclarecimentos sobre o caso.

Redação: Jornalismo A Voz do Povo.

Direção: Jornalista Marcio Carvalho

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