Linha Vermelha terá muro de 30 centímetro à prova de balas no Rio.

 Governador Cláudio Castro anunciou que o estado pretende construir um muro na Linha Vermelha nos trechos considerados de risco a fim de dar segurança a quem passa pela via expressa, que tem às margens comunidades controladas por grupos criminosos. 

Segundo o secretário estadual de Transporte, Washington Reis, a estrutura terá 13 centímetros de espessura e garantirá proteção até contra balas de fuzil. O anúncio foi feito anteontem durante evento que marcou o início das obras de recuperação do trecho de 13,8 quilômetros sob a responsabilidade do governo estadual, entre a Ilha do Governador, na Zona Norte do Rio, e a Rodovia Washington Luís, na Baixada Fluminense.

Recapeamento total, reforço também nas laterais, no guard rail (muretas de proteção) e iluminação de LED não só no canteiro central, mas também nas laterais. Toda a questão de socorro. Um muro nos locais considerados de risco para que a gente possa garantir a segurança de todo aquele que passa por aqui. E monitoramento, inclusive de placa (de veículos), para que a gente possa trazer segurança e tranquilidade para aquele que vai para a Baixada Fluminense, a Região Serrana e também São Paulo e o Sul Fluminense — disse Castro.

Washington Reis detalhou como será a estrutura:

Estamos fazendo muros de proteção nas comunidades que tenham maior risco, muro de 13 centímetros, com proteção até contra balas de fuzis. E a garantia de segurança da nossa população e para que nossos policiais possam trabalhar com tranquilidade.

Segundo o secretário, a polícia vai definir que áreas de risco vão receber a barreira.

Se tem um ponto ali que toda hora tem um probleminha, vamos colocar um muro para proteger o transeunte — explicou.

‘Nem de mosquitos’

Em nota, o governo do estado informou que a proposta de construção do muro está passando por avaliação técnica e que deverá ser incluída numa nova licitação. Ontem à tarde, Washington Reis mudou o tom e afirmou que o plano prevê instalar painéis de vidro ao longo de 300 metros na altura de Vigário Geral:

Nós vamos colocar vidro. E vidro não protege nem de mosquitos. Ficará igual uma vitrine, só para o povo dormir. O objetivo é evitar o ruído desses motores malucos aí, envenenados, que acorda o trabalhador de madrugada.

Ex-comandante das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) e ex-chefe do Estado-Maior da Polícia Militar, o antropólogo Robson Rodrigues disse que considera a instalação de barreiras diante de favela uma “medida segregacionista” que representa a incapacidade das autoridades de adotar ações mais efetivas contra a violência:

O que essa medida representa é a falência do estado com a política de segurança pública. Com isso, o Rio entrega os pontos e diz que não é capaz de uma ação mais efetiva. As medidas são sempre paliativas, e não há um diagnóstico preciso dos problemas que devem ser enfrentados para que todos os cidadãos se sintam seguros e beneficiados. O muro é uma forma preconceituosa de separar aqueles que “merecem” ser protegidos daqueles que “não merecem”. Não me refiro aos criminosos, mas sim às pessoas que vivem nas comunidades em condições tão adversas. Elas não têm meios de se proteger e, com esse muro, vão ficar ali confinadas em um ambiente altamente tenso.

Política de prevenção

Ainda de acordo com o antropólogo, o muro também não garante segurança para os motoristas que trafegam pela Linha Vermelha. Na opinião dele, é preciso controlar as ações violentas tanto do tráfico quanto da polícia dentro das comunidades.

Câmeras nos acessos

As obras na Linha Vermelha vão custar ao estado R$ 70 milhões. Considerado o mais abandonado, o trecho entre a Ilha do Governador e a Baixada vai ganhar novo paisagismo, sinalização vertical e horizontal, 102 postes de nove metros de altura, luminárias de LED e 37 câmeras de videomonitoramento em todos os acessos da rodovia, além de ter as pistas recapeadas. O prazo de entrega é de 90 dias.

 A recuperação desse trecho da Linha Vermelha vai melhorar as condições de acesso ao Aeroporto do Galeão e ao interior do estado. É um investimento que também traz mais segurança aos motoristas, com a implantação de câmeras de monitoramento. Há anos, a via está totalmente esburacada e com má iluminação. Vamos fazer as coisas funcionarem — afirmou o governador

Para a realização da primeira etapa da obra haverá a interdição de uma faixa de rolamento na pista no sentido da Rodovia Presidente Dutra. Os trabalhos serão executados entre 22h e 5h. Uma das principais ligações entre os municípios da Baixada Fluminense e o centro da capital, a Linha Vermelha recebe cerca de 140 mil veículos por dia. A via expressa estava integralmente sob a gestão da prefeitura do Rio desde os anos 1990, mas em janeiro deste ano o estado assumiu o trecho entre a Ilha do Governador e a Baixada.

Redação: Jornalismo A Voz do Povo.

Direção: Jornalista Marcio Carvalho

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