Tráfico quer que contraventores paguem taxa para manter caça-níqueis na Zona Oeste do Rio

 Traficantes da maior facção criminosa do Rio, responsáveis desde janeiro por controlar territórios da Gardênia Azul, em Jacarepaguá, na Zona Oeste, querem contar com o dinheiro da contravenção para aumentar o lucro de seus negócios ilegais. 

Em um áudio que circula nas redes sociais, e é alvo de uma investigação da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas e Inquéritos Especiais (Draco-IE), um homem que se identifica como sendo o traficante Philip Motta Pereira, o Lesk, determina que todas as máquinas caça-níqueis instaladas na comunidade sejam desligadas.

A ordem, transmitida por áudio em um aplicativo de mensagens, teria sido dada há cerca de duas semanas e contaria com o aval da cúpula da maior facção criminosa do Rio, incluindo os traficantes Edgar Alves de Andrade, o Doca do Complexo da Penha, e Wilton Carlos Rabello Quintanilha, o Abelha. A manobra de Lesk seria uma tentativa de fazer com que o contraventor Rogério de Andrade, que controla o jogo na Zona Oeste, passe a pagar ao tráfico um percentual do lucro obtido com as maquinetas na comunidade. A cobrança é apelidada de "taxa do dono do chão", numa referência sobre quem controla o território da favela. "Onde tiver maquininha na Gardênia, caça-níquel, é para desligar tudo. É ordem minha! Fala que é ordem do Lesk", disse a voz masculina em um trecho da mensagem.

O bando de Lesk já controla outras atividades irregulares na Gardênia Azul, como venda clandestina de sinal de TV a cabo, comércio de gás e cobrança de taxa de segurança. Todos os negócios eram explorados, até o início de dezembro de 2022, por homens de uma milícia de Curicica, em Jacarepaguá. Lesk foi integrante desse bando paramilitar, mas acabou expulso do local por seus ex-comparsas. Ele procurou apoio de traficantes da Cidade de Deus e, com o aval da cúpula de uma facção criminosa, que cedeu armas e homens, iniciou uma invasão no último dia 6 de dezembro.

Guerra na Praça Seca: Lesk deu início a disputa de território, diz polícia

Em janeiro de 2023, Philip Motta Pereira conseguiu tomar o controle dos territórios da comunidade. O bandido tem contra si três mandados de prisão expedidos pelo Tribunal de Justiça do Rio. Ele é considerado foragido desde 2019, quando foi decretada sua prisão preventiva por suspeita de envolvimento em crime de associação para o tráfico. Depois disso, outras duas prisões foram decretadas pela Justiça em nome de Lesk, que continua sendo um dos bandidos mais procurados pela polícia da cidade.

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O bando de Lesk chegou ainda a controlar alguns pontos da Muzema e de Rio das Pedras, mas acabou recuando após uma reação dos paramilitares. Na última sexta-feira, traficantes armados de fuzis metralharam a casa da família do vereador Marcelo Diniz (Solidariedade), localizada na Muzema. O parlamentar não estava em casa na hora do ataque, mas uma pessoa que estava no local foi ferida por dois disparos. Ele foi medicada e não corre risco de morrer.

A guerra por territórios envolvendo milicianos e traficantes se estendeu ainda a outras sete comunidades localizadas entre Jacarepaguá e Campinho, e já dura mais de seis meses. Atualmente, segundo a polícia, a milícia estaria controlando, além da maior parte da Muzema e de Rio das Pedras, o Morro do Jordão, na Taquara, Curicica e a Favela da Chacrinha, na Praça Seca. Já o tráfico estaria à frente de atividades irregulares nas comunidades do Fubá, no Campinho, a Favela do Tirol, na Freguesia, e o Morro da Barão e a Favela Bateau Mouche, na Praça Seca.

Redação: Jornalismo A Voz do Povo.

Direção: Jornalista Marcio Carvalho

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