Rede federal de saúde já foi sinônimo de excelência. Ministério mantém no Rio seis hospitais e três institutos.
Não bastasse a crise dos hospitais estaduais, os pacientes que procuram os hospitais federais no Rio de Janeiro também encontram dificuldade para conseguir atendimento. Unidades de saúde que sempre foram referência.
Corredor não é só lugar de passagem, é onde pacientes ficam internados em macas e cadeiras e para onde a mãe da Márcia, que sofre de câncer, foi levada quando chegou ao hospital.
“Uma cadeira de atendimento comum. Aí eu falei: como uma mulher de 73 anos, com ascite, câncer diagnosticado, vai ficar nessa cadeira?”, contou a dona de casa Márcia Machado.
Ficou por dois dias.
“Quando foi na noite de ontem, a minha mãe teve um piora do quadro. E, nesse momento, ela está no semi-intensivo, entubada, com sonda e não é a mesma mulher que eu trouxe”, completou.
A mãe da Márcia está no Hospital Geral de Bonsucesso, um hospital federal. No Rio, o Ministério da Saúde mantém seis hospitais e três institutos como o Inca, referência no tratamento de câncer. Mas a rede federal de saúde, que já foi sinônimo de excelência, hoje é retrato da crise.
“É a pior crise de saúde no estado do Rio de Janeiro. Nós encontramos aí hospitais totalmente desabastecidos. Falta material humano, faltam insumos e medicamentos, mas não falta dinheiro. Esses hospitais, eles recebem em torno de R$ 1,5 bilhão por ano para fazer a sua autogestão. Estes números estão no Portal da Transparência. O que falta é uma gestão qualificada dos recursos que já estão aí”, afirmou o defensor público federal Daniel Macedo.
E quem está doente ainda tem que ter paciência. A lista de espera para fazer uma cirurgia eletiva nos hospitais federais é grande. Segundo a Defensoria Pública da União, essa lista tem hoje 15 mil pessoas e essa é uma fila que anda devagar. Para chegar até a sala de cirurgia, o paciente tem que aguardar, em média, de quatro a seis anos.
O Ministério da Saúde contesta os números da Defensoria. Afirma que hoje a fila tem oito mil pessoas.
“A crise não é dos hospitais gerais do Rio de Janeiro. A crise é do estado do Rio de Janeiro que, com a sua dificuldade de colocar a sua parte de recurso na saúde, está onerando os hospitais do Rio, que tem recebido mais recursos, mas também tem atendido muito mais demanda”, disse o ministro da Saúde, Ricardo Barros.
Na manhã desta quarta-feira (30), funcionários do Instituto Nacional de Cardiologia deixaram o hospital. Foram para a rua protestar.
“Maior prejudicado é a população que busca atendimento e não tem”, afirmou Mônica Armada, presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Rio de Janeiro.
Atendimento digno foi o que faltou para a mãe da Márcia.
“É um descaso. O não pode ser negado. É o direito básico de um atendimento especializado. Eu peço dignidade e respeito pelo ser humano”, disse a filha de Márcia.
O Jornal Nacional entrou em contato com o governo do Estado do Rio para comentar a crise na saúde, mas não tivemos resposta até o momento.
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