No último dia cinco (agosto) o Governo Federal sancionou a Lei que institui o Dia da Luta da População em Situação de Rua. A medida faz referência à Chacina da Praça da Sé, ocorrida entre os dias 19 e 22 de agosto de 2004, em São Paulo. A partir de então, o Dia 19 de Agosto passou a ser a data de reflexão sobre as pessoas em situação de rua.
Inclusão e respeito
Em Belford Roxo, a Secretaria Municipal de Assistência Social e Cidadania (Semasc), antecipou as manifestações e realizou, nesta quinta-feira (14/08), das 9h às 12h, o Seminário Inclusão e Respeito aos Direitos da População em Situação de Rua. O evento aconteceu no auditório da Estação da Cidadania, sede da secretaria, Rua Retiro da Imprensa, 1.423, Bairro Piam, e contou com a presença e participação de usuários do Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro Pop).
Políticas públicas
Para o secretário municipal de Assistência Social e Cidadania, Diogo Bastos, as ações de políticas públicas devem ser qualificadas, assim como os agentes e todos que atuam. "Estou muito feliz com a realização desse evento. Políticas públicas acontecem com profissionais comprometidos. Aquela época do assistencialismo, que se referia à doação e à troca de favores acabou. A Assistência Social é diferente. É uma política pública prevista na Constituição Federal, onde o cidadão tem seus direitos que garantem autonomia e a cidadania às pessoas em situação de vulnerabilidade", disse o secretário. "O que fazemos não é favor, é obrigação. Obrigação de atender, acolher e encaminhar de acordo com as necessidades. Vamos dizer não a Aporofobia (medo e aversão à pessoa empobrecida", completou.
Entre autoridades
Ricardo Cidade e Otaviano da Conceição, que durante alguns anos engrossaram o número de pessoas em situação de rua, em Belford Roxo, fizeram parte da mesa de autoridades. Ambos sentaram-se ao lado do secretário municipal Diogo Bastos, da Defensora Pública Mariana Pauzeiro e da Diretora do Centro Pop, Karine Viana. Durante as falas, os dois resumiram ao público presente a experiência vivida nas ruas. Eles provocaram emoção e "roubaram a cena", arrancando aplausos e vibrações dos usuários do Centro Pop e de todos que assistiam ao seminário.
"Fui achado", brinca Ricardo Cidade, referindo-se a oportunidade que teve para deixar o 'amparo' das marquises das ruas. Hoje ele ocupa o cargo de Orientador Social no Centro Pop, desempenhado com elogios, disparados pelos usuários, direção e pelo secretário municipal Diogo. Os méritos de Otaviano não são menores. Depois de perder tudo que tinha em uma enchente, no município (morava sozinho, em um barraco, na beira de um rio), passou dois anos vivendo nas ruas e contando com doações para comer.
"Minha vida começou a mudar quando conheci o Centro Pop e fui me tornando visível. Tirei meus documentos, passei a tomar café da manhã e almoçar. Lá encontrei um lugar para lavar minhas roupas e tomar banho. Participei de palestras e graças ao prefeito Márcio Canella passei a fazer curso de panificação na Padaria Escola. Ainda não terminei e não tenho o diploma. Consegui uma oportunidade em uma padaria para ser auxiliar e aluguei um apartamento. Resgatei minha dignidade. Mas não largo o Centro Pop, minha família", assegurou. Otaviano da Conceição.
Guia de Apoio
Durante o evento, Diogo Bastos lançou a cartilha: Caminhos para a Inclusão, um guia de apoio à população em situação de rua. Nele há a relação de serviços oferecidos no Centro Pop, voltados especificamente para pessoas em situação de rua. Tem informações sobre assistência social, locais de atendimento de emergência, de saúde mental, entre outras informações.
Durante o seminário, a Defensora Pública Mariana Pauzeiro disse que até setembro estará no município visitando e conhecendo os equipamentos e as ações desenvolvidas através da Secretaria de Assistência Social. Ela considerou a importância do evento e disse que todas as secretarias municipais devem formar parcerias com a Semasc, visando a garantia de direitos às pessoas em vulnerabilidade social.
Painéis de debates
Dois painéis de debates marcaram o seminário. No primeiro deles, as Assistentes Sociais do Centro Pop, Roseli Rodrigues, Renata de Souza Silva e a Coordenadora do Consultório de Rua, Elis Andrade, palestraram sobre o tema: Panorama Histórico e Contemporâneo da População em Situação de Rua, do município de Belford Roxo: Intersetorialidade, inclusão e Reinserção. No segundo painel o tema em destaque foi: Desafios e Oportunidades para População em Situação de Rua: Um olhar sobre as ofertas de Serviços e o Diagnóstico Territorial no Centro Pop. Os palestrantes foram: Assessor Técnico da Vigilância, Cleber Portugal e a Coordenadora do Centro Pop, Karine Viana. "O seminário é uma forma de trazer luz para essas pessoas, esquecidas e sem visibilidade", destacou ela, aclamada pelos usuários e equipe.
Artesanato
Acostumado com o anonimato, Ygor Hellon Souza Costa, 25 anos, ganhou notabilidade no evento com o seu trabalho de artesanato. Ele faz bijuterias utilizando arame e confecciona rosa e gafanhotos com folhas e coqueiro. Seus trabalhos ganharam elogios e foram expostos durante o evento. "Estou tentando crescer socialmente", afirmou. "Vivo nas ruas desde os sete anos, depois de vários desentendimentos com familiares. Fui diagnosticado com o Transtorno do Espectro Autista (TEA), mas em casa diziam que era maluco e assim fui parar nas ruas. Sou amparado pelo Centro Pop, faço curso de panificação e tenho onde comer e me socializar”, concluiu.
Quer ser advogado
Estima-se que 150 milhões de pessoas vivem em situação de rua em todo o mundo. No Brasil, dados do Cadastro Único (CadÚnico) revelam que há mais de 300 mil pessoas na mesma situação. Prestes a completar 67 anos, seu Carlos Roberto da Silva é outro que vibra por ter deixado as ruas. Vivendo de aluguel, ele ainda frequenta o Centro Pop, tem dedicado seu tempo à leitura e à igreja, onde faz curso de Processo Penal e exerce a função de missionário. Eu quero ser advogado. Acho que ainda tenho tempo. Quando uso a gravata para ir à igreja, fico parecendo um doutor", garante.
Fotos: Divulgação/PMBR
Via: Comunicação 2025 de Belford Roxo.
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Redação: Jornalismo A Voz do Povo.
Direção: Jornalista Marcio Carvalho
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