Quadrilha que furtou mais de 700 transformadores no Rio e Niterói

Uma quadrilha que furtou mais de 700 transformadores de energia elétrica é alvo de uma operação da Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD), nesta terça-feira (14).

Agentes cumprem dez mandados de busca e apreensão contra funcionários da Enel e outros membros do grupo, em endereços nas cidades do Rio e Niterói, na Região Metropolitana, e em municípios de São Paulo. A organização criminosa causou prejuízo de mais de R$ 800 mil à concessionária.

As investigações da especializada, realizadas em parceria com a Enel, apontam que a quadrilha furtava transformadores de grande porte, que eram transportados em caminhões para cidades paulistas. Entre 22 de junho e 10 de agosto do ano passado, 775 aparelhos foram roubados da concessionária, em pelo menos oito ocorrências diferentes. Segundo o delegado titular da DDSD, Pedro Bittencourt, os equipamentos eram receptados por empresas recicladoras de São Paulo, Guarulhos e municípios próximos, que os revendiam abaixo do preço de mercado.

"Esse crime causa prejuízo a empresa que presta um serviço público, então esse prejuízo acaba sendo repassado ao consumidor. Eram transformadores que estavam ainda operantes e que têm interesse de mercado, onde às vezes em condomínios, clubes, associações, são montadas redes de distribuição de energia, e esses transformadores eram revendidos para essas pessoas", afirmou o delegado.

Durante a apuração da DDSD, os agentes descobriram que um funcionário da concessionára, que era responsável pela autorização de movimentação desses equipamentos, foi o principal articulador interno do esquema. O homem determinava a liberação dos transformadores em sábados previamente definidos e permitia a saída irregular dos equipamentos sem registro formal.

"Ele controlava a saída dos equipamentos e emitia documentos falsos para que esses equipamentos saíssem da empresa com aparência de licitude. Os caminhões eram carregados, nós detectamos saídas de caminhões em oito sábados seguidos, é uma data que eles escolhiam por a empresa ter menos movimento, e iam direto para essas empresas, que compravam esse equipamento a um valor muito abaixo do mercado, e revendiam para outros comerciantes, também com o preço abaixo".

Segundo o delegado, o padrão financeiro que o funcionário mantinha chamou atenção dos investigadores, por não ser compatível com o salário do cargo que ele ocupava na empresa. "Todas as nossas investigações procuram dar um enfoque financeiro e nós percebemos um padrão de vida totalmente incompatível com os seus ganhos declarados", apontou. "Nas suas redes sociais ele ostentava viagens, bens totalmente incompatíveis e isso ficou evidente que ele conseguiu esse dinheiro através de atividades ilícitas".

Outro homem foi identificado como o ele entro os funcionários e os receptadores. Ele era responsável por coordenador as retiradas e pagamentos pelos transportes. Um dos motoristas que levava os aparelhos confirmou em depoimento que, desde setembro de 2023, transportava os equipamentos do depósito em Itaboraí, na Região Metropolitana, para endereços paulistas, mediante pagamento por transferência bancária. "O caminhoneiro confirmou que eram apresentadas notas falsas. Nós não conseguimos detectar má fé do caminhoneiro, aparentemente, ele também era enganado", destacou Bittencourt.

Grande parte dos valores pagos pelos transformadores furtados eram depositados em contas bancárias de empresas de parentes ligados aos membros da quadrilha e as investigações vão continuar para identificar lavagem de dinheiro. "A gente conseguiu identificar todos os autores, os receptadores e hoje a gente está deflagrando uma operação de busca e apreensão para coletar mais evidências, para dar prosseguimento à investigação".

Em nota, a Enel informou que a ação é um desdobramento das investigações iniciadas pela distribuidora, em julho de 2024, quando identificou o desvio de equipamentos por um colaborador. "Assim que tomou conhecimento do tema, a empresa desligou o funcionário envolvido nas irregularidades por justa causa". Na ocasião, a concessionária acionou as autoridades e tem colaborado com as investigações. A empresa reiterou ainda o "compromisso com a transparência, a integridade e a proteção do patrimônio público e privado" e afirmou que permanece à disposição das autoridades para o esclarecimento dos fatos.

Receba notícias no WhatsApp: