A declaração de óbito da bebê Raquelle Medeiros, de 1 ano e 10 meses, descartou que ela tenha sofrido abuso sexual e apontou que a causa da sua morte foi asfixia mecânica por broncoaspiração do próprio vômito.
A suspeita de que a menina teria sido vítima de abuso surgiu depois que a mãe da criança, Jéssica da Conceição Medeiros, de 19 anos, a levou para ser socorrida no Hospital Municipal do Pilar, em Duque de Caxias.
Os enfermeiros da unidade, onde a bebê deu entrada já em parada cardíaca, encontraram uma camisinha no lençol que envolvia a criança, além de marcas em seu abdômen.
De acordo com Jéssica, a camisinha encontrada era dela e não foi usada. Ela explicou que na pressa para socorrer a filha, ela não viu que a camisinha estava enrolada no mesmo lençol.
Em relação as marcas, ela justificou que foram feitas quando seu padrasto fez uma massagem cardíaca para tentar reanimar a criança.
"Eu deixei ela com a minha mãe e quando eu voltei, eu passei pelo posto de saúde e peguei a camisinha. Levei para casa, deixei lá. Fui na rua e, quando voltei, minha camisinha estava mexida. Minha mãe falou que foram as crianças que tinham pegado pra brincar".
"Eu não sabia que a camisinha estava no cobertor. Eu peguei o cobertor na pressa. Eu peguei o cobertor, olhei ela (a filha), entrei no carro e fui pro hospital", completou Jéssica.
'Tentaram me linchar'
Nesta terça-feira(30), após pegar a guia de óbito para sepultar a filha, o sentimento era de alívio, mas não de menos dor por perda da criança.
"Não fui conivente com com estupro nennhum da minha filha. Sou inocente.Todo mundo me acusando. Tentaram me linchar. Só quero justiça. Só fui aquele hospital pra prestar socorro aà minha filha", disse na porte do IML exibindo a guia de óbito.
O laudo preliminar informou que a menina morreu por asfixia e broncoaspiração. Segundo os peritos, a bebê tentou vomitar, mas não conseguiu. A secreção ficou alojada no pulmão e ela acabou morrendo sufocada.Pai de bebê morta em Caxias está no IML para reconhecer corpo da filha
Hematomas pelo corpo
Ainda não se sabe o que causou a morte da criança, mas os médicos afirmaram que ela apresentava hematomas e marcas roxas com sangue pelo corpo, o que não batia com o relato da mãe, de que teria engasgado, segundo a Secretaria Municipal de Saúde de Duque de Caxias.
Jéssica explicou que as marcas no corpo da filha foram causadas pelas massagens cardíacas feitas pelo padrasto para tentar reanimá-la antes de chegarem no hospital.
"Meu padrasto tentou fazer massagem cardíaca nela porque ela tinha parado em casa também, mas aí ele conseguiu reanimar ela. Foi nisso que eu saí correndo com ela dentro do carro para o hospital", disse Jéssica.
Linchamento no bairro
A mãe da bebê esteve nesta terça-feira (30) no IML para reconhecer o corpo da filha. No local, Jéssica contou que ainda estava muito abalada por tudo que aconteceu.
"Eu só não tô mais arrasada porque eu tomei calmante. Eu vim andando pela rua passando mal", comentou.
Por conta das condições da criança ao chegar no hospital e das suspeitas de violência sexual, a equipe médica acionou a Polícia Militar e registrou o caso na noite da última segunda.
Os policiais levaram Jessica do hospital para a Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), onde ela foi ouvida e liberada. Contudo, por conta das suspeitas, a repercussão do caso foi grande, principalmente no bairro onde a família mora.
Jéssica contou que alguns vizinhos tentaram bater nela na noite de segunda-feira. Segundo a mãe da bebê, ela também teria sofrido uma tentativa de agressão ainda no hospital.
"Eu nem sei se eu vou para casa também. Pelo que me acusaram, tentaram me linchar. Ontem, a enfermeira tentou me linchar lá no hospital. Eu só quero que isso seja esclarecido, porque eu sei que eu sou inocente", afirmou.
A DHBF investiga o caso. A mãe, a avó e outros parentes foram levados para a delegacia e prestaram depoimento.
Redação: Jornalismo A Voz do Povo.
Direção: Jornalista Marcio Carvalho
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