Moradores aguardam ressarcimento de danos causados por rompimento de adutora em Nova Iguaçu

 Os moradores que tiveram as casas inundadas pelo rompimento de uma tubulação da concessionária Águas do Rio, em Nova Iguaçu.

Na madrugada da ultima terça-feira (30) esperam cheios de dúvidas se terão os prejuízos ressarcidos pela empresa. Ao invadir as residências, a água estragou carros, celulares, eletrodomésticos, alimentos, roupas e paredes. Quem não tem para onde ir, dorme em meio à umidade e ao estrago causado.

O vazamento foi estancado na tarde de quarta-feira (31), mas o buraco continua aberto. A empresa afirmou que vai monitorar o funcionamento do sistema nas próximas 72h. Após o período, o espaço será aterrado.

O vendedor Gabriel Brum Évora, 21, vai ser descontado na empresa em que trabalha pelas faltas em meio ao transtorno. Ele mora em frente à adutora e acordou às 7h da manhã com a água invadindo sua casa. "A casa está deformada. Eu não tenho mais porta, por conta da pressão. Preciso de alimento e de poder retornar a dormir na minha casa", desabafa.

Gabriel conta que na quarta-feira funcionários tiraram fotos e anotaram o que ele perdeu com o incidente, mas não marcaram nada. "Estou precisando dos outros. Perdi cama, sofá. A casa ficou alagada de lama. A gente conquista as coisas com tanto suor, acontece isso e a gente fica sem chão", completa.

O operador de empilhadeira Johnny Davidson, 28, conta que diante dos danos aos carros do seu pai, os representantes da Águas do Rio realizaram o cadastro e falaram que entrariam em contato, sem estabelecer um prazo.

A família do produtor musical Hiago Lima, 22, também foi atingida. Seu avô de 73 anos, Idecio Luiz Kroff, além de estar com o celular inoperante, por conta da água, está com o carro parado. Portanto, Idecio está sem obter sua renda diária como motorista. A casa na Rua Santo Antônio, uma das mais afetadas, ficou inundada. Para consertar o carro do avô, foi solicitada a avaliação por três mecânicos. "Não é fácil pedir a três mecânicos que venham aqui fazer o orçamento", ressalta Hiago. "Ele está mal. Acredito que a maioria dos vizinhos está no mesmo estado", completa.

"Eles foram lá em casa. Ajudaram a limpar, mas não limparam bem. Os funcionários só anotaram os danos em eletrodomésticos, como geladeira, armários. Mas também perdemos alimentos, o reboco da parede, a tinta, estamos com infiltração. Perguntei sobre ressarcimento e disseram que não podiam falar. Afirmaram que fariam um orçamento, mas não deram data", afirma o jovem. 

O mecânico Sérgio Martins Menezes, 32, não teve coragem de verificar o Fusca, ano 1972, presente recebido do pai, na oficina que trabalha na Rua São Jorge. A água levou o motor zero, que estava solto porque o veículo passava por uma pintura, conta Sérgio. Na tarde de quarta-feira duas funcionárias anotaram documentos do mecânico, mas ele não sabe como será ressarcido e não conseguiu entrar em contato com a empresa.

"A oficina é minha única renda. Não recebo benefício do governo. O fusca tem valor afetivo. É um presente e não vendo. No meu único trabalho, peças foram danificadas, outras a água levou", lamenta.

A Águas do Rio informa que finalizou, na manhã de quarta-feira (31), o reparo emergencial na 2ª linha de uma das duas adutoras que integram o Sistema Ribeirão das Lajes, após ser registrado um vazamento em área sob concessão da empresa, em Nova Iguaçu. Durante a terça-feira (30), equipes da concessionária deram suporte às 52 famílias impactadas pelo vazamento. Todo o processo foi fiscalizado pela Agência Reguladora e acompanhado pela Secretaria Municipal de Assistência Social, Defesa Civil e Defensoria Pública, diz a empresa em nota.

"Houve mapeamento das casas, equipes de limpeza auxiliaram na higienização das residências, e cerca de 200 refeições (almoço e jantar) foram distribuídas aos moradores. As equipes de Responsabilidade Social e do Jurídico estão dedicadas a analisar os itens que constam no inventário, e será dada a máxima agilidade para que o devido ressarcimento aconteça dentro do cronograma alinhado junto à Defensoria Pública", finaliza o texto.

Não é novidade

O rompimento de adutora em Nova Iguaçu não é novidade. Em novembro do ano passado o incidente afetou o fornecimento de água para municípios da Baixada Fluminense e localidades da Zona Norte da Capital. As imagens da água jorrando da tubulação circularam nas redes sociais. Ruas e casas também foram alagadas.

  Redação: Jornalismo A Voz do Povo.

Direção: Jornalista Marcio Carvalho

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